sexta-feira, 18 de julho de 2014

Pra não dizer que não falei da Copa (por Diego T. Hahn)


Ainda aproveitando o clima da finada (creio que ainda estou em fase de negação: "não, não, não, não acredito que tenho que voltar a assistir partidas do Brasileirão!"), algumas derradeiras observações.

Bem, em primeiro lugar, uma observação extra-campo: 
Há até bem pouco tempo antes do evento, havia vultuosos protestos pelas ruas de nosso país contra a realização do mesmo (alguém lembra?)...
Pois o que me pergunto é: onde diabos foram parar aquelas montanhas ensandecidas de protestantes DURANTE os jogos???
Curiosamente, não li nem escutei nenhuma teoria da conspiração acusando o governo brasileiro, o PT, o PSDB, o governo americano, a CIA, o governo russo, ou alguma outra entidade ou organização de secretamente ter aniquilado todas aquelas pessoas e tê-las jogado numa vala ou no meio do oceano Pacífico - pra não dar na vista, pois no Atlântico seria muito fácil de se achar (por falar nisso, lembram do Amarildo???).

Mas, não. A minha teoria, de qualquer forma, é que os protestantes devem ter pensado "Ah, vamos dar um tempo nos protestos contra a Copa, ao menos durante a Copa... pra gente curtir uns joguinhos e tal... afinal ninguém é de ferro, não é mesmo!??" (sensacional, por sinal, a charge do artista Lúcio em um tradicional jornal santamariense, na qual se vê em destaque jogador alemão erguendo a taça e num canto um manifestante com cara de brabo e rosto coberto erguendo um cartaz com a inscrição "#não vai ter Olimpíadas").

Mas, enfim, a bola rolou... e muito mais:

Pescoções entre parceiros da mesma equipe (Camarões), gol da Alemanha na Seleção (?) Brasileira, sopapos entre atletas e comissão técnica da mesma equipe (Gana), outro gol alemão na Canarinho, bolada de um jogador que quebra o braço do parceiro de time (Nigéria), mais uma bucha teutônica nos nossos de amarelo, atleta (nascido na Transilvânia, naturalizado uruguaio) que morde adversário, Julio Cesar buscando mais uma bola na rede socada pelos prevalecidos comedores de chucrute, vitória da Costa Rica, não sei mais como descrever em outras palavras gol alemão no Brasil, classificação da Argélia, surra histórica sofrida pela então campeã no seu jogo de estreia, outra vitória da Costa Rica, surra histórica sofrida em casa pelo até então país do futebol numa espécie de reprodução esportiva das famosas blitzkriegs alemãs da Segunda Guerra Mundial...

Também teve show de artes cênicas dos atletas tupiniquins nos telões dos estádios e nas entrevistas pós-jogo (e do nosso técnico nos comerciais de barbeador, bebidas, telefonia celular, automóveis, supermercados, entre outros): expressões sofridas, lágrimas e declarações "emocionantes"... 
Mas não sejamos cínicos: os caras estavam REALMENTE emocionados ao entrar em campo e especialmente ao ouvir o hino nacional. Lágrimas verdadeiras vertiam daqueles olhos, enquanto berravam alucinadamente que “um filho teu não foge à luta”...

Bem, só podia dar no que deu, com um time que entra em campo já chorando, não é mesmo!?

Por outro lado, gosto da Alemanha, que não chora em vão. 
Admiro o país em si. Um país que se reergueu e se reconstruiu duas vezes, após ser arrasado, sem que restasse pedra sobre pedra, nessas duas ocasiões, e conseguiu voltar a ser uma das maiores potências mundiais, em todos os sentidos. Um país que reconheceu e pede perdão até hoje pelos maiores (e mais monstruosos) erros cometidos em seu nome na História. E sou fã também da seleção de futebol alemã, com seu histórico competitivo - quase sempre está nas semifinais em Copa do Mundo, e agora já se igualou à Itália em conquistas e está a somente um título de se juntar ao Brasil no topo. Mas no fim das contas já tava demais também toda a babação em cima de Schweinsteiger* e cia! "Os reis da simpatia". "Exemplo de organização no futebol". "Frieza". "Caráter". "Humildade". "Dedicação". "Ética". "Concentração".

Estaria aí o tal Super-Homem do Niesztche**?

Pois como diria um velho amigo meu, quando alguém começava a elogiar demais um outro alguém: "Dá o c* pra ele, então!".

É isso aí, Sansa; igualmente detesto unanimidades!!

Mas o que o técnico alemão provou, mas provou mesmo, nessa campanha durante o Mundial foi o que os Mamonas já enfatizavam há cerca de 20 anos atrás: 

Comer tatu é bom (ainda mais que quem ficou com a dor nas costas foi o nosso maior craque...).

Bem, pra finalizar, do tal legado que vai ficar não tenho bem certeza (lesados, de alguma maneira, certamente), mas, talvez além da questão de alguma coisa em termos de infraestrutura e, vá lá, comportamento – assimilado, se não por observação, por osmose, que seja – em estádios e arredores – quem sabe um pouco além também – da maioria dos torcedores estrangeiros, esperemos que a surra que levamos em casa, e nem vou falar daquela em campo, que já foi exaustivamente debatida, mas sim a do quesito "cantos da torcida", quando fomos ofuscados por mexicanos, chilenos, argentinos (o maldito "Brasil, decime que se siente" grudou na minha cabeça por umas duas semanas!!! Putz, olha aí: já voltou! Sacanagem dos hermanos; Creedence é covardia!), entre outros, nos inspire a procurar alternativas ao insuportável "eeeeeuuu... sou brasileeeeeeeeeiiiroooo... com muito orgulhoooooooo... com muito amooooooorrrr..." (Cara, Inter e Grêmio cantavam essa porra nos malditos anos 90 -  só adaptando claro, com “sou coloraaaaaaadooooooo” ou “sou tricolooooooooorrrr” – e já me enchiam o saco pra %#)%&¨@!! – como dá pra ver pela quantidade de palavrões que usei neste último trecho do texto)

Ah, e o principal legado, claro:

Que fique um pouquinho do futebol apresentado por Messi, Robben, Benzema, Muller e cia, no Beira-Rio, pô.


* Curiosamente o word sublinha em vermelho o nome do cara. Ainda não é um verbete oficial em dicionários e words??? Como não?? Ainda não existe o verbo "schweinsteigear"? Ou fui eu que errei? Faltou algum "w" aí?? De qualquer forma, não me prestei a ir pesquisar pra ver se havia escrito corretamente mesmo. Mas sei escrever corretamente, por exemplo, Frankenstein. E Einstein. Schwarzenegger. Schopenhauer.

**Também não fui conferir se faltou um ou dois "z"s ou algo assim. Mas, com certeza, sei escrever Kant. E Schopenhauer - ôpa, olha ele aí de novo! 
É, eu sabia que, de alguma maneira, isso tudo tinha mais a ver era com filosofia e não com futebol...